segunda-feira, 14 de abril de 2008

Políticas culturais












“Os que faltam à verdade nas pequenas coisas,

Não merecem confiança nas coisas importantes.”

(Albert Einstein)

Ao longo desta caminhada, aprendi com o tempo, como membro da Comissão Executiva, que o humor faz bem à saúde e recomenda-se, e que nos seus grandes momentos do talento, o humorista, ilumina-nos, escondendo a mais profunda e evidente sabedoria com o riso e a gargalhada espontânea.

Não me é difícil explicar por que resolvi escrever este texto e partilhar convosco tal leitura, mas tal como escrevi ao princípio é porque “os que faltam à verdade nas pequenas coisas, não merecem confiança nas coisas importantes”. Ao que me parece, ao identificarem-se certos “agentes culturais”, ou melhor, o empreendorismo cultural, possivelmente a actividade cultural mais poderosa entre as que moldam a sociedade actual e, quer nos demos conta disso ou não, provoca e provocará alterações importantes que reflectir-se-ão no nosso comportamento individual e social. Eticamente isto não tem sentido porque separam o que é daquilo que desejamos e, de um modo um pouco arrogante da minha parte, o “temos de conhecer, iremos conhecer”, não se traduz em cultura no “como conhecemos, iremos aplicar”, até mesmo porque, cada descoberta cultural não traz consigo um manual de instruções para se aplicar, nem é tão pouco um pacote do género “pague um leve três”.

Se a presente conversa com Paulo Ribeiro, contribuir para o Estado da cultura em Caldas da Rainha, que assim seja, porque nunca se deve defender o medo de qualquer conversa, mesmo que haja a tentativa de aconselhar tal procedimento, como se faz nos maços de cigarros, onde neste caso se poderia ler “cuidado que a presente conversa poderá fazer mal à sua saúde mental”. No entanto há que chamar a atenção para qualquer que seja a opinião final do cidadão, penso que a conversa lhe será de maior proveito e também que lhe servirá de exemplo.

Atribui-se apocrificamente à arte jocosa de que a filosofia político-cultural é tão útil para os ditos “agentes culturais”, como a ornitologia para o estudo das aves. A ironia a esta graça merece a devida atenção, mas antes devemos rir, pois no rir está a descoberta nem que seja da própria desconfiança, já que ao grande timoneiro das culturices, ao ter lançado uma campanha contra as aves que destruíam, segundo ele, as culturas agrícolas, aos poucos quase se exterminavam todos os pássaros e, assim, quase se destruíam também as culturas, porque qualquer ornitólogo poderia ter informado os ideólogos, que os odiados pássaros se alimentavam dos insectos que constituíam, esses sim, um perigo muito maior para a agricultura do que as próprias aves. Ora esta casualidade do efeito-causa aplica-se aos ditos agentes, como sábias moscas que se colocam em cima de qualquer porcaria com a mesma facilidade com que pousam em cima da coisa mais bela e sublime, onde estes sabujos com pés de veludo labutam, ora a troco de uma esmola, ora querendo parecer aquilo que não são, mas que são aquilo que sempre foram – oportunistas. Porque nós cidadãos, na condição de humildes pessoas de bem, conseguimos ver. E ver mais longe é uma qualidade que nem todos têm.

Agostinho Brandão

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