quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

ABRAÇO AO HOSPITAL - SEXTA- 20H

CHO - Posição/Intervenção do CC na Assembleia Municipal


O Conselho da Cidade vem demonstrar a sua extrema preocupação pela situação a que a nossa cidade/região chegou no que diz respeito aos serviços hospitalares.
As notícias vindas a público nos últimos dias sobre a possibilidade de fusão de hospitais e de extinção ou migração de alguns serviços preocupam este Conselho na medida em que somos claramente, neste momento, uma zona desfavorecida, desprotegida e que vai ficar, ou está já, numa situação de grande debilidade no que diz respeito aos cuidados de saúde hospitalares.
Acresce que as notícias não são completamente esclarecedoras prevalecendo a ideia de que reestruturações de serviços na área da saúde para a região estão a ser preparadas em gabinetes fechados, mantendo a população no desconhecimento. Os cidadãos não são informados nem chamados à discussão de assuntos de enorme importância para o seu quotidiano e qualidade de vida.
Qual o padrão de cuidados de cuidados hospitalares que se perspectiva para a nossa região? Que futuro? Depois de enormes promessas, algumas delas bem antigas e outras bastantes recentes, a Cidade corre o risco de ver defraudadas mais uma vez as suas expectativas.
Desde há 35 anos que se fala na necessidade de alargamento do Hospital das Caldas da Rainha e em planos directores para o efeito. Há 16 anos (1996) foi concluída uma primeira fase de ampliação (que contemplou um novo Bloco Operatório, Serviço de Urgência e Imagiologia) e ficou-se a aguardar, sem sucesso, pela prometida segunda fase de ampliação.
Há 3 anos, com a fusão dos Hospitais de Caldas da Rainha, Alcobaça e Peniche e a criação do Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON) gerou-se a expectativa de que essa estrutura organizativa correspondesse ao embrião da construção de uma nova Unidade hospitalar para toda a região Oeste Norte.
Depois de muitos estudos o local chegou a estar definido, mas as indecisões, os avanços e recuos de uns e os protestos de outros – estamos a falar de Autarcas, levaram a que a solução fosse mais uma vez protelada, com prejuízo para as populações.
Consta-se que, já nos últimos meses, se estuda nos gabinetes
a solução de fusão de mais Hospitais da região, nomeadamente de Caldas da Rainha e Torres Vedras, mas desta vez sem sequer se falar de um novo Hospital e apenas da perda de serviços de um lado e de outro.
Numa altura em que as populações em geral, particularmente as de menores recursos, se confrontam com dificuldades várias – a que não são alheias as perdas de alguns subsídios, de perda de benefícios associados a aumento de taxas e de impostos, surge esta lamentável perspectiva futura de limitação do acesso a determinados cuidados de saúde.
Há responsáveis que classificam essa solução como inevitável, considerando os elevados défices financeiros do Centro Hospitalar.
Mas a falta de condições de infra-estruturas hospitalares, a dificuldade consequente de atrair médicos de algumas especialidades, o elevado défice hospitalar, não são certamente culpa da população.
Não serve o dia de hoje para indicar os culpados mas para exigir responsabilidade e compromisso dos que foram eleitos e nomeados. De todo este processo fica a quase certeza, de que os cidadãos, os utentes do Oeste serão os grandes perdedores.
A troika e o momento económico presente não chegam para justificar à população o quanto vai perder.
A sensação de que o que não foi feito até aqui se agravou e tornou inevitável com a crise mundial não nos serve de consolo. A Cidade e a região têm sido sucessivamente prejudicadas neste campo. Mas o próprio desenvolvimento regional estará em causa.
Mais uma vez: esta fusão de Hospitais só se poderia eventualmente justificar na perspectiva de criação de uma nova e moderna unidade hospitalar que servisse toda a região do Oeste e localizada no seu centro geográfico – Caldas da Rainha.
Não queremos, nem admitimos, o mal menor. A população não aceitará como inevitável aquilo que não o é. Exigimos que o hospital continue a ser uma instituição de referência na Cidade e na Região, que mantenha a sua diferenciação clínica, que não perca valências clínicas fundamentais.
A ter de ocorrer a união gestionária de diferentes hospitais, há pelo menos algumas premissas intocáveis a ter em conta:
Caldas da Rainha não pode perder a natural função centralizadora dos cuidados hospitalares da região;
As características de Urgência Médico-cirúrgica não devem ser perdidas, implicando necessariamente a existência de bloco operatório para intervenções cirúrgicas urgentes no âmbito da Cirurgia Geral e Traumatologia;
A Saúde Materno-infantil deve ser integralmente preservada, implicando a existência de Maternidade e Serviço de Pediatria;
A condição de Cidade Termal, cujas águas têm determinadas características, aconselha a valorização das vertentes assistenciais na área da Reumatologia e Fisiatria (fisioterapia).

Terminamos dizendo que os responsáveis políticos locais não podem envergonhar a memória e a história da Cidade. Não podem contribuir para soluções desenhadas obscuramente e que podem vir a pôr em causa a própria Matriz histórica da Cidade.