quarta-feira, 17 de agosto de 2011

A importância de uma ação qualificada para a educação em proteção civil

Os dados estatísticos e a experiência recente têm vindo a expor publicamente as vulnerabilidades das sociedades contemporâneas, lembrando que estas fazem e farão sempre parte das nossas vidas.

O processo de desenvolvimento económico e uma incessante concentração da humanidade em grandes aglomerados urbanos – mais de metade da população mundial, segundo todas as estimativas – com um número crescente daqueles a atingir a classificação de megacidades, expõe os cidadãos a elevados riscos naturais e tecnológicos. A adequação das estruturas sociais e político-administrativas das cidades e dos países nem sempre acompanha o ritmo daquele processo.

Entre as principais fragilidades das políticas públicas neste campo aponta-se a relativa inabilidade dos sistemas educativos contemporâneos em promoverem o conhecimento sobre aqueles riscos, as causas que lhes subjazem e as respetivas medidas de prevenção e autoproteção, junto de públicos cada vez mais diversificados e com acesso fácil a inúmeras fontes e meios de informação.

Uma análise das razões que estão por detrás dos milhares de vítimas registadas em algumas catástrofes recentes mostra que aquelas resultam também, mas não exclusivamente, de uma cultura de ensino que não fomenta convenientemente a responsabilidade individual e a capacidade de reação dos seus cidadãos. Deste modo encontram-se entre os principais objetivos da educação para a proteção civil a sensibilização e preparação dos indivíduos para a possibilidade de ocorrência de acidentes naturais e tecnológicos em resultado dos quais poderão ser vítimas diretas ou indiretas, com informação sobre as suas causas, sobre as potenciais perdas humanas e materiais e, naturalmente, sobre as medidas mais adequadas para que estas possam ser evitadas ou minimizadas. Este processo deverá ser inclusivo, contínuo, começar nos níveis mais elementares de ensino, ser desenvolvido através de abordagem vívida e positiva, isto é, com base na premissa de que nem todos os acidentes e catástrofes estão para além das nossas capacidades de os controlar e gerir.

Desenvolver o leque de competências entre os alunos, familiarizá-los com os principais riscos e as formas para sua prevenção, constituem premissas essenciais para que estes possam assumir-se como os difusores privilegiados de conhecimento prático sobre estas matérias junto dos seus grupos sociais primários: família, colegas, amigos, vizinhos. Por conseguinte, este processo deverá incluir, para além dos tópicos genéricos acima referidos, uma informação transparente sobre o risco ou conjunto de riscos potenciais da região, cidade ou local onde se habita, trabalha ou estuda.

Filipe Távora

Chefe do Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo da Autoridade Nacional de Protecção Civil

O Conselho da Cidade Associação para a Cidadania em parceria com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários das Caldas da Rainha vai levar a efeito uma conferência sobre RISCOS URBANOS no dia 6 de Outubro ás 14.30h no auditório da Expoeste. Participar é um acto de cidadania.